Na tarde da última sexta-feira de março (28), o 13º andar do Edifício das Liberdades, sede da OAB-MG e da CAAMG, foi palco de um encontro inédito e simbólico: pela primeira vez, duas mulheres que assumiram as presidências de instituições centrais do Judiciário mineiro estiveram juntas em uma reunião institucional. Uma advogada, uma juíza. Uma Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Minas Gerais (CAAMG), aliás a terceira maior Caixa de Assistência do Brasil. A outra Presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), a segunda maior associação estadual de juízes da América Latina.
O encontro marcou o encerramento das celebrações de março como o Mês da Mulher Advogada e destacou as conquistas femininas no sistema de justiça mineiro. Rosimere das Graças, pela primeira vez em 70 anos de atuação da Amagis, uma juíza assume sua presidência, disputando chapa única e com apoio dos últimos sete presidentes da entidade. Na CAAMG, a eleição de Ângela Botelho também representou um marco histórico: ela é a primeira advogada à frente da instituição em mais de oito décadas.
União entre as instituições
Durante o encontro, Rosimere enfatizou o valor da cooperação entre magistratura e advocacia. “Somos duas mulheres à frente de instituições tão importantes. A OAB, a CAAMG e a magistratura caminham no mesmo sentido — precisamos estar unidos pelo objetivo comum de oferecer uma boa prestação jurisdicional. Caminhando juntas, vamos alcançar muitas conquistas para o poder Judiciário.”
Ângela reforçou a importância de uma atuação coletiva, que reflita para toda a sociedade. “Homens e mulheres estão caminhando juntos, de mãos e braços entrelaçados. Isso mostra para a sociedade que espera de nós — operadores do Direito — um trabalho efetivo, comprometido e responsável. Como primeira mulher presidente da CAAMG, reconheço a história dos nossos antecessores e sigo determinada a construir, com todos, um caminho mais justo e representativo.”
Representatividade e propósito
Essa nova forma de ocupar espaços de poder também ecoa entre os colegas homens, já que o encontro também contou com a participação de lideranças masculinas que fazem parte da construção dessa nova cultura institucional. Bruno Terra Dias, desembargador do TJMG e professor, com mais de 25 anos de magistratura, compartilhou uma fala simbólica. “Inteligência e talento se unem a favor das instituições. São talentos testados, provados, aprovados, reconhecíveis e irretorquíveis. A sociedade não se faz por oposição entre gêneros, mas por integração. E essas duas presidentes são prova viva disso. É uma honra participar deste momento. Integração significa prática da liberdade e da igualdade — algo que faltou por tanto tempo em nossas instituições, mas que hoje começa, enfim, a se consolidar.”
O advogado e professor Victor Vieira que esteve no encontro destacou a representatividade deste momento. “É muito significativo. Essas duas presidentes foram eleitas após votações expressivas. Mulheres que percorrem esse caminho há muitos anos. E justamente agora, em um tempo de tanta tensão entre homens e mulheres, são elas que lideram com sensibilidade e firmeza. Este é o primeiro e mais importante passo para que essas conquistas se consolidem em nossa sociedade.”
Também participou do encontro Lívia Martins Vieira, advogada e Assessora Especial da Presidência da CAAMG. O encontro foi pautado por respeito mútuo, cooperação e compromisso com as transformações necessárias. A pauta feminina segue sendo fundamental, mas agora ampliada pela consciência de que só será plenamente efetiva quando homens e mulheres atuarem como parceiros — e não como adversários — na construção de um Judiciário mais justo, moderno e representativo.